"Uma mentira contada cem vezes
torna-se verdade".
A cidade de Fortaleza se deparou com um
dos quadros mais lastimáveis da anarquia e do medo dos últimos 20
anos. Faltando poucos dias para o Réveillon da cidade - o segundo maior do país
- os policiais militares entraram de greve, solicitando salário digno e
respeito às suas necessidades.
Na noite de ano novo a cidade estava
ocupada por batalhões da Guarda Nacional que ameaçavam tomar as viaturas da
polícia local para garantir a segurança. Os policiais locais, por sua vez,
interferiram no trânsito, parando ônibus, furando seus pneus e interditando
terminais rodoviários.
A população sobrevivia a estes
atentados um pouco impaciente. O Governo se recusava em atender às solicitações
e o impasse continuou.
Após alguns poucos assaltos no segundo
dia do ano, começou a se espalhar um boato de arrastão na cidade.
No dia de ontem, a redes sociais
anunciavam o caos. 9,5 em cada 10 postagens originadas de Fortaleza relatavam o
pânico das pessoas. Vídeos de lojas fechando, anúncio de onde os arrastões
estariam indo levou a cidade para um toque de recolher inusitado.
Às 18h, horário de rush na cidade, as
ruas estavam vazias. Não apenas sem trânsito, mas vazias mesmo. Grandes
avenidas e shoppings desertos.
Um boato interessante é que os policias
estavam encabeçando o tal grupo de arrastões.
Que grupo? Não houve um só relato de
alguém que realmente tenha visto a tal ação dos bandidos. Ninguém filmou ou fez
fotos. Não havia fatos para justificar o terror que sobreveio sobre a cidade.
Só boatos.
No fim do dia, em uma reunião na casa
do Governador foi vencida a greve. O Governador cedeu e hoje os policiais
voltaram ao trabalho. Juntamente com o restante da cidade.
A questão é: O que de fato aconteceu?
Se a publicidade se apoderasse de
estratégias assim - para o bem, é claro - poderia fazer qualquer produto
conseguir mercado. Usando as redes sociais e pessoas chaves, alguns conceitos
podem ser rapidamente divulgados e aderidos por cidades inteiras.
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